terça-feira, 31 de maio de 2011

Liberdade para os BITs

Palestra ministrada por Ronaldo Lemos, diretor da fundação do centro de tecnologia e sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e professor titular e coordenador do curso de direito da FGV do Rio de Janeiro; aborda temas como: os impactos da tecnologia em universos distintos, inclusive nas periferias globais. Fala de música – com ênfase no tecnobrega – , das transformações da mídia, da indústria cultural e dos direitos autorais, e se aventura a pensar em tendências para um futuro próximo. Embora extensa, a palestra apresenta fatos bastante curiosos, principalmente no que diz respeito ao mercado da música e aos direitos autorais no Brasil.
http://www.cpflcultura.com.br/site/2010/09/23/liberdade-para-os-bits-%E2%80%93-ronaldo-lemos-com-marcelo-tas-2/

Ensino de música será obrigatório

(Texto publicado em 25/08/2008)


Todas as escolas públicas e particulares do Brasil terão de acrescentar, no prazo de três anos, mais uma disciplina na grade curricular obrigatória. A Lei nº 11.769, publicada no Diário Oficial da União no dia 19, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) — nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 — e torna obrigatório o ensino de música no ensino fundamental e médio. A música é conteúdo optativo na rede de ensino, a cargo do planejamento pedagógico das secretarias estaduais e municipais de educação. No ensino geral de artes, a escola pode oferecer artes visuais, música, teatro e dança.


Com a alteração da LDB, a música passa a ser o único conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. Ou seja, o planejamento pedagógico deve contemplar as demais áreas artísticas. Até 2011, uma nova política definirá em quais séries da educação básica a música será incluída e em que freqüência.


“A lei não torna obrigatório o ensino em todos os anos, e é isso que será articulado com os sistemas de ensino estaduais e municipais”, explica Helena de Freitas, coordenadora-geral de Programas de Apoio à Formação e Capacitação Docente de Educação Básica no Ministério da Educação. “O objetivo não é formar músicos, mas oferecer uma formação integral para as crianças e a juventude. O ideal é articular a música com as outras dimensões da formação artística e estética.”


O MEC recomenda que, além das noções básicas de música, dos cantos cívicos nacionais e dos sons de intrumentos de orquestra, os alunos aprendam cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos para, assim, conhecer a diversidade cultural do Brasil.


O desafio que surge com a nova lei é a formação de professores. Segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2006, o Brasil tem 42 cursos de licenciatura em música, que oferecem 1.641 vagas. Em 2006, 327 alunos formaram-se em música no Brasil.


História — O ensino de música nas escolas brasileiras iniciou-se no século 19. A aprendizagem era baseada nos elementos técnico-musicais e realizada, por exemplo, por meio do solfejo. No fim da década de 1930, no entanto, Antônio Sá Pereira e Liddy Chiaffarelli Mignone buscaram inovações. Sá Pereira defendia a aprendizagem pela própria experiência com a música; Chiaffarelli propunha jogos musicais e corporais e o uso de instrumentos de percussão.


Naquela época, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) ganhava destaque. Em 1927, três anos depois de conviver com o meio artístico parisiense, ele voltou ao país e apresentou, em São Paulo, um plano de educação musical. Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada Exortação Cívica, com 12 mil vozes. Após dois anos, assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística, quando a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, o presidente Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o curso de pedagogia de música e canto.


Em 1960, projeto de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro para a Universidade de Brasília (UnB) deu novo impulso ao ensino da música, com a valorização da experimentação. A idéia era preservar “a inocência criativa das crianças.” Duas décadas depois, a criação da Associação Brasileira de Educação Musical e da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (Abrace) contribuiu para a formação de professores no ensino das linguagens artísticas em várias universidades. No ensino de música, a experiência direta e a criação são enfatizadas no processo pedagógico.


Na década de 1990, o ensino de artes passou a contemplar as diferenças de raça, etnia, religião, classe social, gênero, opções sexuais e o olhar mais sistemático sobre outras culturas. O ensino passou a ter valores estéticos mais democráticos.


Atualmente, a aprendizagem musical deve fazer sentido para o aluno. O ensino deve se dar a partir do contexto musical e da região na qual a escola está situada, não a partir de estruturas isoladas. Assim, busca-se compreender o motivo da criação e do consumo das diferentes expressões musicais.


Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?id=11100&option=com_content&task=view



PS: Achei o tema bem interessante, pois o prazo de três anos se encerra agora em 2011 e não tenho visto muita discussão a respeito da implantação desta nova lei.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Música e o Comportamento das Sociedades - Justificativas

O que marca a cultura de um país? Sua história? Suas obras artísticas? Linguagens? Um pouco de tudo isso com toda a certeza, esses foram fatores importantíssimos para a construção de identidades em diferentes nações, identidades essas que ajudaram fortemente na coesão de populações, construções de países e unificações de territórios. E a música, onde se encontra nisso tudo? Ela faz parte de diferentes culturas? Influencia a sociedade ou é a sociedade que a influencia?

A música é uma expressão artística que existe desde os primórdios. Inicialmente era uma forma de guardar histórias e conhecimentos em um momento em que não havia a cultura da escrita. As falas cantadas, principalmente na Idade Média na Europa, tinham essa grande importância para a grande maioria que não sabia ler. Em outras nações, ou populações do mundo, existiam as músicas características como as de aldeias de índios no Brasil ou outras diferentes nações. Até certos períodos as músicas tinham fortes características de seu local de origem, divididas e até excluídas de outras culturas.

Com exceção da música erudita ocidental que tinham suas partituras escritas bem guardadas e muitas vezes retocadas, dificilmente as outras culturas – até início do século XX - conseguiam deixar suas melodias e canções arquivadas, a não ser quando passadas por forma oral, para a história, por isso também uma maior dificuldade em haver certa importação de músicas em diferentes culturas. Foi no início do século XX, com as maiores transmissões radiofônicas e gravações em discos que foi ficando mais fácil o arquivamento e alcance maior da música em diferentes locais. Os Estados Unidos conseguiram levar sua cultura para o mundo todo, com maior força a partir da década de 1940 e 1950, mas outras nações conseguiram gravar suas obras e cresceram aos poucos também.

Com os discos de vinil, maiores transmissões radiofônicas, televisão atingindo maiores números da população e principalmente com o advento da internet na vida das pessoas, principalmente em meados dos anos 1990 e 2000, as músicas foram ganhando aspectos mais mundiais; sofreram, em boa parte do mundo, influências diversas não só do seu próprio país ou dos fortes mercados americanos e europeus, foram influências diversas de muitos lugares, o que vêm aumentando a ideia geral da cultura digital, a convergência de linguagens e a transculturalidade cada vez maior. “A música popular de hoje é ao mesmo tempo mundial, eclética e mutável, sem sistema unificador. Nela podemos reconhecer imediatamente alguns traços característicos do universal sem totalidade”, afirma o filósofo francês Pierre Lévy em sua obra ‘Cibercultura’.

Com base nessa clara transformação, de forma geral, que a música vem passando desde suas características isoladas e únicas, até sua universalização e junção de diferentes estilos proporcionada pelas diferentes mídias ao longo da história, pensamos em analisar alguns países bases (Inglaterra, Brasil, Estados Unidos, Espanha, Países Africanos, França, Japão, Índia, México, Irlanda e Argentina) desde características básicas de suas músicas folclóricas, até as diferentes décadas do século XX e suas ‘transformações’, até os dias atuais e a dificuldade de perceber exatamente de qual cultura faz parte, falando da música pop em geral. No entanto, decidimos nos focar na questão da música no Brasil, compreendendo as diferenças regionais, misturas - entre as regiões no país e entre outros países que influenciam nossa cultura.

Assim, usaremos como ferramenta de acompanhamento este blog, que será atualizado constantemente por cada membro, tendo como atualização vídeos, músicas, textos e considerações – individuais e em grupo – em outros formatos. Para entender como ocorreram as modificações ao longo do tempo, nos basearemos em pesquisas e entrevistas – o que trará tanto uma visão mais geral do assunto, como questões mais subjetivas, tendo em vista a pretensão de compreender como a mudança se deu para as pessoas entrevistadas.

Para iniciar, uma entrevista com Galldino d'O Teatro Mágico, realizada por Rondinely Lima, para o vídeo "Nunca deixe de ouvir com outros olhos"